Erros acontecem
Que os bem intencionados buscam incessantemente o acerto, todos sabem. O que muitos não percebem é que o erro é apenas um nuance; o outro lado da moeda. É possível postergá-lo, trabalhar duro pela sua inexistência, só que bani-lo de forma definitiva é uma possibilidade muito remota.
O preço que os dedicados pagam por errarem menos já é alto, imagine, então, o preço que aqueles que estão um degrau acima dos abnegados, devem despender. Estes, tão (mal) acostumados com o freqüente acerto, levam um chocante baque com o percalço que surge tão inesperadamente. Por mais que tentem prepararem-se para o erro, ele chega sorrateiro, comprazendo-se em pôr dúvidas onde não há uma base consistente, a fim de instigar mudanças. Até podemos prepararmo-nos emocional e psicologicamente para certas coisas, mas, mesmo assim, permanecemos no campo hipotético, e só quando as situações vêm à tona de fato que as conhecemos, com todas as implicações resultantes.
Conheço um cara, airoso em suas atitudes e gestos, que se agarrou de tal forma ao mérito que largá-lo - mesmo por instantes - já causa gigantescas atribulações mentais. Pois, assim como o vício, o mérito não aceita ser substituído. Esse tal cara é um dedicado que alia a esta qualidade adquirida outra inata: tem estrela. Nasceu para ver-se bem sucedido na maioria das ações que empreender. Este se mantinha resoluto em seu prumo, quando uma ligeira poeira de circunstâncias desfavoráveis fê-lo pôr tudo em cheque: A mudança vestia os trajes que lhe interessava, parecia-lhe adequada. A ele, assim como aos outros, seus erros causaram perplexidade. E quando as coisas não andam bem, o melhor a fazer é mudar, certo?
No entanto, a mudança também precisa ter o momento oportuno para advir. E precisa ser definitiva, caso contrário é apenas uma maquiagem; um disfarce... Pensando nestes termos ele viu a ficha cair: não vale a pena trocar uma convicção por alguns errinhos episódicos. Talvez eles só existam para pô-la à prova. A continuidade indefectível e regular não existe. Ela é uma meta romântica àqueles que são adeptos do perfeccionismo, porém, inatingível. A vida é repleta de variações, onde estão inclusos, também, os defeitos. É uma ilusão sem precedentes cogitar a possibilidade de evitar todos os erros; alguns são inevitáveis e conducentes a um acerto maior.
Além disso, o tal cara – mesmo abalado - prefere que a surpresa e o espanto geral sejam decorrentes de seu erro, e não de seu acerto. E você, o que prefere?
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