quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

O Dia Dos Meus Sonhos - Parte II

Através daqueles lindos olhos cor de mel e do louro áureo do seu cabelo, eu me encorajei. Uma princesa de biquíni, eu diria. E por estar de biquíni, a discrição da minha musa inspiradora já está pronta, sem mais detalhes. Foi assim: enquanto eu estava sentado na cadeira de praia lendo, eu percebi a presença de uma pessoa do sexo feminino a uns 5 metros de distância. Senti um frio na espinha, mesmo com todo aquele calor. Ela ouvia uma música melosa da Pitty. E me contemplava despudoradamente. Imediatamente cai em devaneios, imagine eu (eu!) com uma mulher linda daquelas. Será que ela beija bem? Tomei a decisão mais difícil da minha vida: Eu IRIA interpelá-la, de qualquer maneira.
Mas como?
Ela estava provavelmente com seus pais e eu estava ali, com minhas irmãs e seus namorados. Ó Deus, me dê uma chance. Uma brecha. Dessa vez eu prometi que não desperdiçaria qualquer ensejo.
Para minha surpresa, Deus ouviu meu afã. Só pode tê-lo sido... Ela debandava da praia. Juntamente com seus pais, mas antes de tomar seu rumo, parou, sozinha, na barraquinha de churros.
- Giovanna, Andrea, vou ali comprar um churros e já volto. – Anunciei.
- Isso, Gio, aproveita que tem uma loira estilo Drew Barrymore por lá. – Escarniou
- Estilo quem?
- Ah, esquece. Vai lá de uma vez, seu bicho do mato.
Eu fui. Mas o que dizer? Bem, sempre ouvi por aí que mulheres inteligentes gostam de caras inteligentes, garbosos, que sabem o que dizem. E ela parecia uma mulher dessa estirpe. Resolvi comentar sobre a música que ela ouvia, enquanto também pedia um churros de leite condensado com coco.
- Oi, acabo de descobrir que temos dois gostos em comum. – Disse, dando o meu melhor sorriso.
- Oi... o que você disse? – Respondeu, com uma expressão que ficava entre surpresa e interesse. Tão linda... Tão linda.
- Dois gostos em comum. Gosto de churros e também de Pitty. – Menti.
- Ah, sim... Temos três então, percebi que você estava lendo “Crime e Castigo”. Amo Filosofia. Aliás, curso Filosofia na UFRGS. E você? – Indagou, tão vistosa e brilhosa quanto o sol em seu nascente.
- Interessante, eu curso Direito, na UFPel. – Respondi, perplexo pela minha desenvoltura ao falar, e, sobretudo, por ter sido eu quem fez a abordagem e não estar sendo monossilábico.
- Humm... bacana. Ei, conhece aquelas pessoas? Acho que estão olhando pra nós. – Disse ela, um tanto encabulada.
- Sim, são minhas irmãs e meus cunhados, não ligue pra eles.
- Ah, sim. Vou indo... meus pais já estão lá na outra esquina. Legal ter conversado com você. Sempre fico por aqui, podemos conversar outras vezes. – Sugeriu.
- Ah, claro! – Exclamei, um tanto afoito. – Seria ótimo. Até amanhã?
- Me parece bom. Até amanhã, sim. – Despediu-se.
Quando ela se foi, percebi minha mão tremendo e meu coração saltitante. Peguei o churros e fiquei com medo que a moça ouvisse os meus batimentos cardíacos desesperados. Eu podia ouvi-los. Dessa vez o entrave interno não funcionou. Naquele momento eu lembro ter cogitado a idéia de que essas repressões internas só funcionam se a gente permite. E não o contrário, como acreditei durante toda minha vida.
Adentrei o apartamento absolutamente radiante, descrente da minha grandiosa façanha. Que dia havia sido aquele! Mal poderia esperar pelo promissor amanhã que me aguardava... E não precisei. Aquele dia ainda me reservava mais uma inimaginável e extravagante surpresa.

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