O Dia Dos Meus Sonhos - Parte III
Não vi minha “paquera” no dia seguinte, como esperava. E sim antes, na badalada noite de Camboriú. Ao sair com minhas irmãs rejeitei a idéia de fazer compras naquele turbilhão... fui-me, então, ao meu cômodo favorito, independente do lugar, meu porto seguro: um banco. Mas será que era mesmo paquera? Ou eu estava simplesmente encantado com a novidade, e anuviei minha visão? Eu, um mero inexperiente, teria chance com aquela linda mulher? Alguns minutos depois, voei para longe dos meus devaneios ao sentir uma mãozinha delicada no meu ombro e ao ouvir aquela voz melíflua inconfundível.
Miraculosamente, era ela.
Descobri que seu nome era Manoela. Conversamos sobre a Segunda Guerra Mundial, crises globais, livros, política e uma profusão de outros assuntos. Aproximávamos-nos a cada palavra, num ritmo que rolava solto, que parecia ter sido ensaiado. E o inevitável aconteceu: beijamos-nos. Ou melhor, ela me beijou. Não fui eu quem tomou a iniciativa, inveterei-me com essa conduta. O que é, indubitavelmente, muito perigoso. Aliás, toda maneira viciosa de agir é periclitante. Enfim, de qualquer modo, senti o néctar dos Deus; Levitei; Fui ao paraíso nos seus lábios. Seu beijo era divertido, gostoso, com gosto de morango. Como foi bom sentir aquele calor, sem objeções.
Encontrava algo diferente em mim quando estava com ela. Tornar-me-ia um homem melhor ao seu lado. E então começamos a namorar. Ali, com a Lua como testemunha, prateando nossos corpos e abençoando nossa união.
Depois de decidirmos, assim, sem mais nem menos, que namoraríamos, começaram a montar uma cancha de futebol de areia bem ali, na nossa frente. Imaginei-me chutando uma bola, algo não praticado há tanto... Mas que sabia fazer muito bem. Naquele dia estava com uma camisa da seleção brasileira, que eu não gostava, mas era a única que estava limpa. Não havia trazido muitas para as nossas curtas férias de 7 dias. O ambiente se transformou rapidamente e o número de pessoas aumentava... Curiosos em relação ao evento noturno que adviria. Notei que jogadores vestidos de amarelo postavam-se de um lado da cancha e jogadores de azul celeste e branco do outro. Atinei também para o fato de esse segundo time ter um jogador a mais... Estranho, pensei com meus botões. “Não dá mesmo pra confiar no Carlão”, bradou um homem alto, de uniforme diferente, que presumi ser o goleiro. “Olha aquele cara ali, será que sabe jogar?”, disse outro, apontando na minha direção. Os refletores já estavam funcionando em perfeito estado, mesclando sua luz com os raios pungentes da Lua.
Não quis externar meu sentimento de pavor com a hipótese, cooptei, então, à tática mais acessível: ignorei. No entanto, é impossível prosseguir indiferente quando uma pessoa está à meia dúzia de passos de você.
O sujeitinho se aproximava... Aproximava...
Será que era comigo, de fato? Ou era um dos meus complexos se fazendo presente mais uma vez? Se a primeira possibilidade se revelasse verdadeira eu não saberia como agir.
Óh ceus, e agora???
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