domingo, 17 de abril de 2011
Certa vez, por entre os meus longínquos devaneios, surgiu-me a idéia de quem um homem é um fiel retrato de onde vive, e da forma com que pratica essa arte admirável. Estando, portanto, crivado das influências que tal lugar naturalmente impõe.
É trivial às mentes mais ambiciosas e sonhadoras, vislumbrar um possível futuro em algum outro espaço, geralmente mais pomposo e promissor. É frequente, também, que este pensamento seja comum a todos os homens: eternos insatisfeitos diante do tangível e atual. Insaciáveis! Que mania execrável essa de superestimar o que ainda não alcançamos, com isso – muitas vezes – depreciamos o que está conosco e já faz parte de nós. Como são admiráveis as pessoas que costumam agradecer mais assiduamente pelo que tem, do que vituperar ao mundo pelas suas lacunas.
Eu cresci acariciado pelo ar puro do bairro Hípico, rodeado de verde. Verde esse, aliás, que infelizmente está cada vez mais cinza aos meus olhos. Todas as manhãs um belo horizonte se apresenta a mim, através da minha janela. Moro num lugar pacato em comparação ao frenesi das grandes cidades. Mesmo assim, aqui há uma diversidade muito grande, que se se torna ostensiva devido ao contraste da gente daqui. Aliás, que brilho teria a vida sem as diferenças?
A pequena, mas altaneira cidade de Camaquã, destaca-se pela produção de arroz e carrega consigo fatos contundentes da história do Rio Grande do Sul. Tem como padroeiro São João e é um pólo regional. Seu povo é hospitaleiro e costuma “erguer a voz” diante das adversidades. É aqui que eu nasci, cresci, e é essa terra que aprendi a amar, com todas as suas pungentes curiosidades e idiossincrasias. Como o seu nome, que significa rio correntoso, por localizar-se às margens das torrentes de um belo rio. As maiores atrações turísticas são a Barragem do Arroio Duro, por sua esplendorosa beleza natural, e o Forte Zeca Netto, que reúne relíquias históricas da Guerra dos Farrapos, ou Revolução Farroupilha.
Existe um grupo seleto de coisas em nossas vidas, que quando as experimentamos temos certeza que não há nada do mesmo ramo, melhor ou mais bonito. Uma certeza tão profunda e intensa que não se permite estar errada. Este é o meu sentimento, quando, de cima do meu terraço, contemplo o pôr do sol de Camaquã. Este é o lugar onde vivo: Um recanto onde a simplicidade é o encanto, e o entardecer é o espetáculo mais lindo que se possa ver.
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