domingo, 17 de abril de 2011
Recentemente ouvi muitas apregoações por aí difamando os segredos. Achincalhando-os. Como se fossem sinônimos e mau-caratismo e aversão à ética.
Julian Assange é o herói dos desvendadores da torrente modernista dos cliques aqui e acolá. Admiro sua coragem e seu instinto de jornalismo investigativo. Ao contrário do que posso ter suscitado, eu considero os seus feitos positivos. O Wikileaks é um manancial de transparência e ousadia. É o troco dado aos influentes poderosos do globo, pois eles sabem tudo a respeito de quem quer que seja – desde que lhe interesse.
Assim como o inventor do site, eu gostaria de ter visto a cara daqueles que se viram desnudos pelas surpreendentes descortinações. Vários segredos diplomáticos encarcerados a sete chaves caíram por terra. No entanto, há que se fazer uma distinção entre os segredos. Há os que devem ser revelados, sim. E há, igualmente, os que devem permancer no anonimato, guardados em nossos profundos compartimentos internos. Nem tudo deve ser mostrado. Como seria oca a vida sem a dúvida; sem a instigação por descobrir. Quão cinza seria nossos dias se soubéssemos a respeito de tudo, se os cintilantes pontos de interrogação fossem facilmente exterminados.
Aposto que você, assim como eu, já de decepcionou ao transformar uma interrogação em um revelador e mero ponto final; fez de tudo para descobrir e no momento derradeiro, frustrou-se. Acontece. Mas imagine-se sem esse caminho intermediário, de busca, de curiosidade... A vida seria um poço de mesmice, repleta de estagnantes e peripécias sisudas.
Aplaudo, sim, as façanhas de Assange, pois sua abnegada e incessante busca desfacelou obscuridades escusas e monopolizadas por uma classe do mais alto poder. Nosso bravo herói só conseguiu porque atualmente a tecnologia é um milagre, a maior criação humanda de todos os tempos – e a mais pragmática também. Facilita a vida, é verdade, mas a oblitera de certos fascínios, como os segredos íntimos de alguns incautos, que preferem despirem-se virtualmente, apresentando, de forma despojada, seus modos, trejeitos e sentimentos. Eu, como bom saudosista e amante de antigos costumes, prefiro o fazer em um imaculado pedaço de papel, com lápis ou caneta.
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