sexta-feira, 11 de março de 2011

Ponto Fraco

Não é fácil quando não te dão o devido valor. De fato, é complicado. Você trabalha, empenha-se, dá o melhor, e – mesmo assim – o reconhecimento se mantém longínquo... afastado de onde deveria, por direito, estar.

Incute, no mais intrínseco lugar de nossos corpos, insatisfação. Não negue. Acontece, sim. Eu, por vezes, já bradei aos quatro cantos que o nobre; aquele cara bom de verdade, lotado acima da vã normalidade, não precisa de palmas. Mentira. Este também necessita de afago. O ser humano é vaidoso, peremptoriamente cultuador e apreciador do seu próprio ego. O que muda, de acordo com o período histórico e as influências atinentes, é a intensidade deste culto, já que o mesmo advém desde os primeiros tempos. Por pouco não é um instinto, quiçá seja.

Assim como em todos os ramos, há os fanáticos. E na epopéia em busca de reconhecimento e valorização não é diferente. Esperto aquele que expõe seus méritos sem soberba ou exageros. E sábio aquele que, de uma forma ou de outra, não precisa se dar ao trabalho de se auto-propalar. Seus resultados falam por si.

Vejo frívolos e sedentos por louros gratificantes a todo redor. Eu compreendo-os. Eu me compreendo. Está em um estágio sobre-humano aqueles que são alucinados em relação a esta, digamos, justificada angariação. Aquele que se distancia, indiferente, ou é um genial fora de série, passível de imortalidade, ou um profundo bitolado.

No entanto, independente das razões e motivações em ser parabenizado, não deixe que este requerimento quase automático e involuntário, apodere-se da sua conduta-sênior de viver. E, outrossim, não permita que você exponha, como se fosse uma vitrine de produtos promocionais, seus primores e suas melhores qualidades.

Pois, acredite, o maior ponto fraco que alguém pode ter é a nefasta mania de, sistematicamente, expor seu ponto forte.